terça-feira, julho 22, 2008

Imaculada Esperança

Afogo-me no soluço das lágrimas contidas,
Na indistinta névoa que tolda o pensamento,
No negrume amargo da solidão consentida,
Vítima de desassossegado entendimento.

Grotesco olhar sobre o reflexo da minha alma,
Serei eu? Que para além do reflexo me iludo
Com irreflectidos delírios de pura calma,
Brado surdo pelo vivido, que arruíno tudo.

Que olhar é esse o que não vejo reflectido?
Que luz existe desse outro olhar descaminhado?
Quem dera desses olhos ver-me se sou sentido
De uma existência sem rumo e sem cuidado.

Atropelo impiedoso que me tortura o alento…
Que imensidão revolta me assenhoreia a calma?
Ricochete de memórias roubadas sem tento,
Que me arrancam sem piedade parte da minha alma.

Nefasta esperança a minha no suceder dos dias
Que imaculada me sustentas e me angustias…

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sexta-feira, julho 18, 2008

Querença

Gentilmente pousada sobre um azul ultramarino
A senhora branca empresta a luz aos montes.
Um recorte perfeito entr’a terra e o céu imenso,
Apenas restolhar das ervas, luzes das pontes.

Canto distante do sino empurrado p’lo vento,
Badaladas que ressoam na noite quente
Tocam-me na pele como na alma o sentimento
E na essência da noite há um gesto que mente.

Trémula a luz deste fogo que a mim consome
E talha na média-luz deste doce ensejo
A cândida querença deste meu desejo,
Imprudente, nó que se descerra dum beijo.

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terça-feira, julho 15, 2008

... uma noite quente

... uma noite quente, o olhar
sobre a baía, e o perfume
fresco da maresia; o luar,
alta ilumina de prata
o oceano.

Percorro a costa. E os barcos
ao longe, como se fora dia.
As luzes dos homens ao longe,
e tu, e eu só, que me guia
o farol.

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domingo, julho 06, 2008

Solidão

Falsa inocência intuída, só
na vã poeira das palavras
o escuro de um incerto imprevisto,
corpo e alma apenas pó.

Meio sem princípio, e fim
Tragado, o ébrio vapor tinto
E abstracção, respiração, sufoco
A alma na solidão em mim.

Guerreira sem alma, a vencida
Da mor dor na batalha vivida.
Um vazio negro, deixa-me tolhida:
Pára, não continues, pára-Me!




Dois focos de luz na penumbra,
Um olhar,
Terno e raiado de desejo
E a minh’alma morta, sem vida.

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